A convivência é muito próxima
Embora o mais importante no trabalho seja o alinhamento do que diz respeito ao trabalho em si, a convivência no dia a dia de uma pequena empresa com os donos ou donas é muito intensa.
Frequentemente eles ou elas não tem nenhum mecanismo de controle ou filtro das suas decisões, de modo que as decisões de um dono ou dona de uma empresa pequena estão muito próximas do nosso dia a dia.
Preferências culturais e políticas, embora não sejam o foco da convivência, farão parte das conversas de almoço com o líder presente, das referências de design, das palavras usadas, da estratégia de contratação. Fica perto DEMAIS.
O ponto central é que a maneira como um dono de uma pequena empresa enxerga a vida, vai influenciar profundamente na maneira como ele administra o dia a dia na empresa, então, mais cedo ou mais tarde o que parecia irrelevante se torna muito presente.
E é muito difícil, especialmente na juventude, quando estamos buscando vivenciar mais plenamente nossos valores pessoais, conviver com aquilo que nos soa agressivo, tolo ou até mal.
Em algum momento o peito aperta, aparece a sensação de tristeza quando um assunto é levantado e preferimos o silêncio para evitar problemas com as lideranças.
Ou no meu caso, quando as divergências se tornavam claras para o restante da equipe, afetando todo o clima do dia a dia.
Estar próximo de quem nos inspira
Em começo de carreira, eu realmente acredito que é primordial que haja um bom alinhamento de ideias à cerca da vida, da cultura e da política com os líderes, especialmente em pequenas empresas, embora reconheça que observar a ação de pessoas que pensam diferente seja um grande aprendizado. O problema é responder diretamente à estas pessoas antes de sentir que posso confiar nelas.
Poder trabalhar para alguém com quem gosto de almoçar, com quem gosto de discutir sobre o futuro, sobre gestão e sobre como tratar as pessoas, torna muito mais simples alinhar as ações no dia a dia, muito mais simples ser franco quando acho que algo vai em uma direção inapropriada.
Ajuda muito no dia a dia se sentir seguro para conversar com a pessoa que toma as principais decisões na empresa.
Então hoje, eu realmente acredito que faz muita diferença, especialmente na juventude, estar perto de pessoas que somos capazes de admirar, de confiar, de conviver.
Não Julgar
E hoje, aos 31, entendo que de verdade, não me cabe julgar estes líderes pelo meu sentimento em relação a maneira deles de ser.
O mundo é tão complexo e contraditório, que julgar os outros como certo ou errado apenas pela maneira como pensam e se posicionam na vida é quase sempre prematuro.
Não dá pra julgar alguém sem passar pelo menos dois meses vivendo a vida daquela pessoa, convivendo com quem ela convive, lendo o que ela lê. Fora a infância que teve e tudo o mais.
Hoje, de verdade, não julgo. Mas sinto muita confiança em dizer que fiz muito bem em sair de perto de pessoas que não me inspiravam.
E que ter estado (e ainda estar) tão próximo de pessoas que admiro e que me lideram em determinados contextos é uma grande fonte de alegria, confiança, vontade de trabalhar, cocriar e colaborar.
Todos tem o direito à sua liberdade de pensar, inclusive nós.