Frequentemente sinto insegurança. Quando a vida chama para um novo momento, especialmente profissional, eu sinto dificuldade de encarar um novo caminho.
Crio ilusões de fracasso total, imagino-me como incompetente, meu estômago afunda e no meu melhor pensamento, sou uma fraude.
Talvez por sorte, falta de opção ou quiçá um tanto de coragem, sigo em frente, reconquisto a confiança e há progresso.
Hoje avalio que esta dificuldade uma raiz no pensamento de que existe um caminho certo.
Quando tenho uma escolha a fazer, existe uma resposta certa e as demais são erradas (como em uma prova de múltipla escolha).
Só recentemente pensei na vida mais como uma redação com tema livre em que não há uma definição de certo ou errado.
Existem, claro, regras gramaticais e um fluxo sequencial mas quem escolhe o conteúdo é o autor e o efeito desde conteúdo nas pessoas, aparentando algo mais ou menos belo, mais ou menos revolucionário, é a arte de cada um.
A idéia que existe uma resposta correta é uma falsa esperança de segurança.
Mas não dá certo. A impermanência permanece e continua sendo necessário fazer escolhas, todos os dias, sem garantia do resultado.
É claro que um cara como eu nunca vai abrir mão da segurança, passos seguros são parte do meu trabalho e do que gosto de ser.
Mas passos mais ou menos seguros não dependem de uma ideia de que existe um certo, dependem apenas de eu me sentir em paz com meu caminho e com a imprevisibilidade do que não posso controlar, mas nada impede que eu faça escolhas firmes e seguras, naquilo que me é possível controlar.
Em outras palavras, será sempre inevitável uma dose de imprevisibilidade, mas ao me livrar da ideia de que posso ACERTAR, ao aceitar que não é prova de múltipla escolha, eu estou livre para escrever minha redação com as palavras que me trazem maior segurança. A escolha é minha, sem nenhuma garantia que venha de fora, mas com total confiança no que vem de dentro.